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A morte da modernizada maternizada

Fomos #educadas e #ensinadas a brincar de bonecas, romantizando uma maternidade idealizada com bases irreais no que se refere ao ser mulher. A menina #cuidadora, #servidora, #obediente, capaz de abrir mão de si mesma foi doutrinada a cumprir o papel unicamente de #zelar dos filhos e do lar, um maternar cultuado e nutrido pela perspectiva da “mulher sábia que edifica o lar” suprimindo dores, frustrações, angústias, violências, desejos e ambições pessoais durante séculos e, milênios até.

Uma frase de autoria que desconheço afirma que “ser mãe é padecer no #paraíso.” A afirmação, se ampliarmos o olhar, expõe uma dualidade impossível de ser ignorada, sobretudo, para as mães contemporâneas.

Parir dói e ninguém nos contou sobre isso, seja ele natural ou sob intervenção cirúrgica (e não se trata das dores cinematográficas e noveleiras), o nosso #corpofísico muda junto com nossas emoções, e esses corpos que parecem não pertencer a mesma #pessoa, jamais serão como antes. Somos invadidas por uma explosão de hormônios flutuando acelerada e desumanamente; um barulho diferente... nós já acordamos.


A #responsabilidade daquela vida que está em nossos braços é inteiramente nossa, sobra fadiga, sono, olheiras e falta descanso; ver o peito empedrar, rachar, feri, sangrar e alimentar mesmo assim dói, ver o filho doente e não saber o que fazer dói, o cabelo desgrenhado, as pernas pesadas, sobra zelo com o filho, falta vaidade de mulher.


A pergunta que passa a nos rodear frequentemente é: - Será que dou conta?

No entanto, as dores maiores não são essas, outra máxima frequentemente difundida é “nasce uma mãe, nasce uma culpa,” injustamente, não posso afirmar que seja irreal, pesquisas afirmam que a maiorias das mães ao serem entrevistadas relatam sentir alguma espécie de #culpa (basta dar um google).


Se analisarmos sob o prisma social, vivendo em uma sociedade historicamente #misógina, que se por ventura o filho tiver problemas de comportamento, declinar nas notas ou moralmente, a “culpa” é sempre destinada a mãe; como se aquele ser imaculado fosse gerado sozinho e não tivesse um pai; como se cuidar, nutrir e educar filhos não fossem responsabilidades que devessem ser compartilhadas entre duas partes, infelizmente, em relatos maternos cada vez mais frequentes, não é.


Sendo a mãe uma mulher autônoma e com independência financeira, com carreira e sonhos individuais a sobrecarga aumenta. É exatamente nesse momento que a esgotamento materno se amplia, conciliar as #cobranças emocionais individuais e as sociais coletivas do ser mãe, e ainda, associar uma #carreira, que frequentemente e atualmente, muitas vezes, é essa mesma mãe que provê o lar, não é tarefa fácil; excedem as #obrigações e #cansaço, falta tempo para cuidar de si, como se mãe também não fosse um “ser” a #ser cuidado. As culpas só aumentam, pois se porventura estivermos fora, viajando a trabalho ou a estudo, as perguntas que surgem são:

- “Que mãe é essa?” que não está ao lado do filho.
– “Que mãe sou eu?” que não estou em casa ao lado dos meus filhos.

De um modo ou de outro, todo julgamento é voltado para a mãe.


O tabu de falar sobre a exaustão com e durante a maternidade ocorre pela mesma máxima que se “a mulher sábia edifica o lar”, não estamos autorizadas a falhar, falar dos nossos cansaços e desalinhos, é a comprovação de uma fraqueza indevida, visto que “a mulher tola destrói o lar”. Em uma interpretação equivocada das passagens bíblicas, a sabedoria feminina não está em ser #perfeita ou #imperfeita, falível ou infalível (somos todos falhos), tampouco ter que dar conta de tudo (nós não damos conta de tudo). Acaso pedir ajuda também não consiste em alguma espécie de sabedoria? Embora tenhamos sido doutrinadas ao contrário, não existe mal algum em pedir ajuda. É fundamental que tenhamos conosco acolhimento e compaixão. Auxílio e #rededeapoio se fazem elementos necessários e capazes na diligência de combater essa exaustão, tantas vezes silenciosa, negadas por nós e invisível aos olhos de quem nos cerca.


Não é fácil cultivar o tal #equilíbrio, todavia não é impossível. No entanto, é fundamental ter rede de apoio, dialogar frequentemente com o companheiro, família, amigos e os próprios filhos, pedir ajuda, e perceber, especialmente que “nenhuma mãe é perfeita, e tampouco infalível”. Vamos errar! E é como lidar com esses erros, entre escolhas e acertos, que muda tudo.


É essencial compreendermos que maternidade não é a escravidão de uma servidão sem fim.

Falar e debater sobre a exaustão que permeia o feminino, sobretudo, as mães, se faz cada vez mais necessário. Entendendo que ao sermos mães (por escolha própria ou não), temos o direito de #cansar, #descansar e também buscar a leveza de aproveitar os momentos felizes, principalmente, ao lado dos próprios filhos.


Para tanto, se faz primordial eliminar o discurso da #maternidaderomantizada, e, trazer à tona uma #maternidade pautada na #realidade, especialmente, nas atuais. Afinal, ser mãe não é e não deve ser o padecimento em um paraíso que não existe.


Um #abraço fraternal e #gratidão a você que me leu até aqui.

Ps: Raquel Marinho, eu mesma! ;P

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